Febre em Bebês e Crianças: Um Guia Prático com as Novas Orientações da OMS

A febre é um dos sintomas que mais preocupa pais e cuidadores, mas é importante lembrar que ela é, na maioria das vezes, um sinal positivo. Ela indica que o sistema imunológico do seu filho está trabalhando ativamente para combater uma infecção. No entanto, saber interpretar os graus de febre e agir de forma correta é crucial para o bem-estar da criança. Com base nas mais recentes diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), preparamos este guia para ajudá-lo a passar por esses momentos com mais segurança e tranquilidade.

O Que é Febre?
A febre é definida como um aumento temporário da temperatura corporal, geralmente acima de 37,5°C na medição axilar (embaixo do braço), que é a forma mais comum e recomendada para crianças. É crucial entender que a febre em si não é uma doença, mas sim um mecanismo de defesa do corpo para criar um ambiente menos favorável para vírus e bactérias.

Os Graus de Febre e Sua Significância
A intensidade da febre nem sempre corresponde diretamente à gravidade da doença. Uma febre baixa pode ser de uma virose simples, enquanto uma febre muito alta pode ser de uma infecção benigna. No entanto, a classificação ajuda a guiar a conduta. A OMS e as principais sociedades pediátricas classificam a febre da seguinte forma:

  • Febre Baixa ou Estado Febril: Entre 37,5°C e 37,9°C (axilar).
  • Febre Moderada: Entre 38,0°C e 38,9°C (axilar).
  • Febre Alta: Acima de 39,0°C (axilar).

O Que Fazer em Cada Caso: As Novas Recomendações da OMS

As orientações atuais priorizam o conforto da criança acima da simples redução numérica da temperatura. O objetivo do tratamento não é baixar a febre para 36,5°C, mas sim aliviar o mal-estar.

1. Para Febre Baixa (37,5°C – 37,9°C):

  • NÃO é necessário usar medicação antitérmica.
  • Medidas de Conforto: Ofereça bastante líquido (água, leite, sucos naturais) para evitar desidratação. Vista a criança com roupas leves e mantenha o ambiente arejado e fresco. Um banho morno (nunca frio!) pode ajudar a trazer conforto.

2. Para Febre Moderada (38,0°C – 38,9°C):

  • Avalie o Estado Geral da Criança: Esta é a regra de ouro. Se a criança está ativa, brincando e bem-humorada, mesmo com 38,5°C, pode-se continuar apenas com as medidas de conforto e observação.
  • Se houver mal-estar, prostração ou dor, pode-se administrar um antitérmico prescrito pelo pediatra, como Paracetamol ou Ibuprofeno (para crianças acima de 6 meses), respeitando rigorosamente a dosagem baseada no peso.

3. Para Febre Alta (Acima de 39,0°C):

  • Medicação antitérmica é geralmente indicada devido ao grande desconforto que essa temperatura causa.
  • Continue com as medidas de conforto hidratação e roupas leves.
  • Monitore a criança de perto.

Mitos que Devem Ser Esquecidos (de acordo com a OMS):

  • NUNCA use compressas com álcool. É extremamente perigoso e pode causar intoxicação e queimaduras.
  • Evite banhos gelados. Eles causam tremores, contraem os vasos sanguíneos e podem, paradoxalmente, elevar ainda mais a temperatura interna. O banho deve ser morno e agradável.
  • Não agasalhe excessivamente a criança. Isso impede que o corpo perca calor e piora a febre.

Sinais de Alerta: Quando Procurar o Médico Imediatamente
A febre em si raramente é perigosa. O que importa são os sinais de alerta que podem acompanhá-la. Procure atendimento médico urgente se a febre vier acompanhada de:

  • Criança com menos de 3 meses de idade (qualquer febre é uma emergência).
  • Prostração excessiva (a criança fica “molinha”, não interage e não sorri).
  • Manchas vermelhas na pele que não desaparecem quando pressionadas.
  • Pescoço rígido ou dor de cabeça intensa.
  • Dificuldade para respirar.
  • Vômitos persistentes ou recusa de líquidos.
  • Convulsão febril.
  • Choro persistente e inconsolável.

Lembre-se: você conhece seu filho melhor do que ninguém. Se o comportamento dele estiver muito alterado e sua intuição disser que algo não está certo, não hesite em buscar ajuda médica. As orientações da OMS são um guia valioso, mas a avaliação de um pediatra é insubstituível para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.

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Dr. Ivan Gabriel Halak

Médico formado há 7 anos e com dedicação especial à pediatria nos últimos 5. Minha paixão é cuidar de crianças com carinho, responsabilidade e compromisso. Especializado em puericultura com foco no acompanhamento de bebês até 2 anos.

https://drivangabriel.com.br

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